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Miastenia Gravis generalizada

Você que convive com a Miastenia Gravis generalizada (MGg) sabe que a jornada não é linear. Há altos e baixos, incertezas, dias “bons” e dias difíceis — e, muitas vezes, a sensação de que ninguém entende o que você vive. Esta página foi pensada exatamente para você, para sua família, cuidadores, além de profissionais e instituições de saúde que apoiam pacientes nessa trajetória.

Aqui, nossa proposta não é ensinar do zero o que é a Miastenia Gravis, mas sim oferecer conteúdo aprofundado, atualizado e confiável, focado em quem já tem o diagnóstico, ou acompanha uma pessoa com o diagnóstico, com ênfase nos desafios cotidianos, nas estratégias para enfrentar a doença, no papel dos tratamentos inovadores e no fortalecimento de redes de apoio.

Este será um espaço com textos elaborados com base em evidências científicas e revisados por especialistas da área.

Você não está sozinho nessa jornada. Com conhecimento e apoio, é possível retomar o controle da sua vida.

Mulher negra de olhos pretos

Miastenia Gravis tem cara?

A Miastenia Gravis é uma condição neuromuscular rara que afeta cerca de 12,4 pessoas a cada 100 mil, segundo estimativas globais. Embora possa ocorrer em qualquer idade, os sintomas costumam surgir na vida adulta, com dois picos principais de incidência: entre 30 e 40 anos, mais frequente em mulheres, e entre 50 e 60 anos, atingindo homens e mulheres em proporções semelhantes¹.

Esses dados reforçam a importância do diagnóstico precoce e do acompanhamento contínuo, especialmente em adultos que apresentam fadiga muscular ou fraqueza progressiva sem causa aparente e diplopia, que é a visão dupla.
Como é viver com Miastenia Gravis generalizada?
Homem negro praticando yoga

Viver com Miastenia Gravis generalizada (MGg) é um exercício diário de autoconhecimento, resiliência e adaptação. É aprender a ouvir o próprio corpo com atenção, reconhecendo que cada dia pode trazer novos desafios. Mais do que aceitar limitações, trata-se de encontrar caminhos que respeitem o ritmo individual e permitam uma vida com propósito, prazer e autonomia.

Conviver com a MGg exige planejamento e flexibilidade. Há dias em que tudo parece fluir bem, e outros em que tarefas simples — como escovar os dentes, segurar um copo ou subir escadas — se tornam difíceis. Essa variação nos sintomas é uma característica da doença e, muitas vezes, até quem convive com ela tem dificuldade de entender. Por isso, o acompanhamento médico constante e o diálogo aberto com profissionais de saúde são fundamentais.

Receber o diagnóstico pode trazer medo e dúvidas, mas também alívio: finalmente há uma explicação para a fadiga intensa, a visão dupla ou a dificuldade para falar e mastigar. A partir daí, começa um processo de aprendizado — sobre o sistema imunológico, os gatilhos dos sintomas e a importância de um tratamento contínuo e supervisionado.

Homem segurando um pincel e pintando um quadro

Desafios diários

Os obstáculos do dia a dia, porém, vão muito além do aspecto físico. A Miastenia Gravis generalizada também pode impactar o emocional, a vida social e a autoestima. Abaixo, listamos alguns dos principais desafios que um paciente miastênico pode enfrentar em sua rotina². Nem todos os sintomas atingirão a todos da mesma forma, havendo pacientes variações entre sintomas, frequência e impactos.

  • Fadiga muscular e “fraqueza flutuante”: um dos aspectos mais desafiadores da MG é a variabilidade. Um braço que estava firme de manhã pode ceder no fim do dia. Um dia “mais leve”, no outro, sintomas acentuados. Isso exige planejamento, pausas e flexibilidade.
  • Limitações motoras: dificuldade para subir escadas, levantar objetos, segurar itens mais pesados, caminhar longas distâncias.
  • Músculos bulbares comprometidos: falar, mastigar, engolir e mesmo respirar podem ser afetados, especialmente em momentos de crise.
  • Impacto emocional: medo do “dia ruim”, ansiedade em relação ao futuro, sensação de dependência, frustrações por não conseguir fazer o que antes era considerado trivial.
  • Preconceitos e desconhecimento social: é comum ouvir “mas você não está doente” ou lidar com expectativas irreais de pessoas que não veem a fraqueza porque ela não é constante.
  • Flutuação de sintomas e incerteza: essa instabilidade pode gerar insegurança, porque você aprende a “não dar nada como garantido” — o que planejara para hoje pode não ser possível amanhã.
Uma característica da Miastenia é o caráter crônico, portanto, uma vez que os sintomas começam, eles tendem a se manter. Uma característica também muito própria da doença é a flutuação. Pacientes nos contam que em um dia estão muito bem, e no outro muito ruim, com muitos sintomas. Numa perspectiva de longo prazo, sobretudo quando o paciente não é tratado adequadamente, esses sintomas ficam mais intensos e mais frequentes.
Depoimento do médico neurologista Marcondes França ao Podcast J&J Explica: Miastenia Gravis
Mulher em consultório sendo atendida por uma médica

Importância de cuidar da mente

Cuidar da mente é tão importante quanto cuidar do corpo — especialmente para quem vive com Miastenia Gravis generalizada (MGg). A doença não se manifesta apenas nos músculos: ela atravessa também o emocional, o psicológico e o social. É comum que pacientes e até cuidadores experimentem sentimentos de ansiedade, tristeza profunda, medo do futuro, irritabilidade ou exaustão mental³. Essas reações não são sinal de fraqueza, mas uma resposta natural diante de uma condição crônica que exige constante vigilância, adaptação e paciência consigo mesmo.

A rotina de quem convive com MGg muitas vezes envolve consultas médicas frequentes, ajustes de medicação, períodos de melhora e recaídas, além das limitações impostas pela fadiga muscular. Esse ciclo pode gerar um estado de tensão contínua, afetando o sono, a disposição e até a vontade de se engajar nas atividades cotidianas. Por isso, cuidar da saúde mental deve ser encarado como parte essencial do tratamento — não como algo secundário.

Buscar acompanhamento psicológico é um dos passos mais valiosos. Esses profissionais podem auxiliar a desenvolver estratégias para enfrentar as frustrações, reduzir o estresse e fortalecer o senso de controle sobre a própria vida. Em muitos casos, o simples ato de falar abertamente sobre as dificuldades já traz alívio e clareza emocional.

Além da psicoterapia, a participação em grupos de apoio — presenciais ou virtuais — pode ser transformadora. Compartilhar experiências com outras pessoas que enfrentam a mesma condição traz sensação de pertencimento e compreensão genuína. Esses espaços oferecem não só troca de vivências, mas também de informações práticas sobre tratamento, direitos e autocuidado. ONGs e associações de pacientes, como a ABRAMI (Associação Brasileira de Miastenia) , frequentemente promovem encontros e rodas de conversa voltadas para esse tipo de suporte emocional, além de proporcionar sentimento de identificação com outras pessoas que convivem com desafios semelhantes.

Há também hábitos simples que podem ajudar a proteger a mente no dia a dia.

  • 📝 Estabeleça uma rotina realista, com pausas programadas e momentos de descanso, respeitando seus limites sem culpa.
  • 🙏 Pratique técnicas de relaxamento como respiração consciente, meditação guiada ou yoga adaptado — sempre com orientação profissional.
  • 🎼 Invista em atividades que proporcionem prazer, como ouvir música, desenhar, cozinhar ou passear em ambientes tranquilos.
  • 🫂 Evite o isolamento: manter o contato com amigos e familiares, mesmo por mensagens, ajuda a aliviar a sensação de solidão.
  • 🛏️ Durma bem: o sono reparador tem papel fundamental na regulação do humor e na recuperação muscular.
  • 😞 Converse com seu médico sobre sintomas de ansiedade ou depressão; em alguns casos, o uso de medicamentos específicos pode ser indicado.

É importante lembrar que o equilíbrio emocional também favorece o físico. Um paciente com a mente sobrecarregada tende a relaxar menos, comer pior, dormir mal e seguir o tratamento de forma irregular. Já quem se sente emocionalmente acolhido e compreendido encontra mais motivação para cuidar do corpo, comparecer às consultas e respeitar as orientações médicas.

Cuidar da saúde mental, portanto, é cuidar da Miastenia Gravis como um todo. É reconhecer que o corpo e a mente fazem parte de um mesmo sistema — e que o bem-estar depende do equilíbrio entre os dois.
Jovem deitada na grama sorrindo

Estratégias que ajudam a lidar com a rotina e com o preconceito

Cada pessoa experimenta a Miastenia Gravis generalizada de forma diferente, e pequenos ajustes na rotina podem fazer grande diferença na qualidade de vida. Além disso, lidar com preconceitos ou incompreensão de quem não conhece a condição é uma realidade para muitos pacientes. Ter estratégias práticas para organizar tarefas, preservar energia e cuidar do bem-estar emocional ajuda a manter a autonomia e a confiança, mesmo nos dias mais difíceis.

A seguir, apresentamos sugestões que podem ser aplicadas tanto pelo paciente quanto por familiares, amigos e cuidadores, com foco em tornar a rotina mais equilibrada, segura e menos desgastante, e ao mesmo tempo facilitar a convivência em ambientes de trabalho, estudo e socialização.

  • Divisão de tarefas: identificar o que pode ser delegado ou adiado nos dias em que os sintomas pesam mais.
  • Planejamento de atividades: distribuir tarefas mais exigentes nos períodos de pico de energia do paciente (ex: parte da manhã, se é quando ele costuma estar melhor).
  • Pausas programadas: inserir intervalos regulares para descanso muscular (sentar, alongar, relaxar) entre atividades.
  • Uso de auxiliares: dispositivos leves — barramento de apoio, bengalas, cadeiras com braços, utensílios de cozinha adaptados — podem reduzir o desgaste físico.
  • Alimentação e hidratação: manter uma dieta nutritiva e equilibrada, com atenção a nutrientes que favorecem a função muscular (proteínas de qualidade, vitaminas).
  • Sono reparador: priorizar boa qualidade de sono, ambiente silencioso e escuro, evitar estímulos visuais/eletrônicos antes de dormir.
  • Monitoramento de sintomas: fazer diário de sintomas (força, fadiga, variações) para que o médico identifique padrões ou fatores desencadeantes.
  • Educação e comunicação: conversar abertamente com familiares e colegas sobre MGg — explicar o que você pode ou não fazer em cada momento, para aumentar empatia e reduzir cobranças.
  • Autocuidado emocional: reservar momentos para lazer, hobbies leves, práticas relaxantes como meditação, leitura, música.
  • Flexibilidade mental: aceitar que alguns dias serão difíceis e que tudo bem “reprogramar” planos conforme o estado físico.
Primeiro, é necessário se reconhecer: o que eu costumo fazer todo dia? Está igual? Um exemplo muito simples é o ato de almoçar. Um dia eu como um bife, uma parte mais sólida de carne, uma farofa mais seca, e consigo engolir. À noite, eu percebo que demorei mais para mastigar a mesma carne que comi no almoço, ou tive dificuldades de engolir a mesma farofa que engoli no almoço. Alguma coisa está errada. O que eu fazia muito no início era pegar um caderninho e ir anotando: “como estou hoje? O que fiz depois para dar uma melhorada?”. Bom, se eu sei que estou com dificuldades para engolir hoje, então não vou pegar nada seco ou sólido, vou pegar uma comida mais pastosa. E assim você vai se conhecendo e lidando com a doença.
Depoimento da presidente da ABRAMI e paciente de Miastenia Andrea Oliveira ao Podcast J&J Explica: Miastenia Gravis
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Vacinação: quais tomar e quando

Segundo o protocolo resumido do PCDT Miastenia Gravis no Brasil4, algumas vacinas são recomendadas, salvo contraindicação individual (conforme orientação médica).

Por exemplo: vacinas inativadas (gripe, pneumonia) geralmente são seguras, enquanto vacinas vivas atenuadas requerem cautela — em alguns casos, podem ser contraindicadas em pacientes que fazem imunossupressores. Converse com seu médico especialista antes de se vacinar.
Pessoas trabalhando em um projeto no escritório

Saiba dos seus direitos

Viver com Miastenia Gravis generalizada (MGg) já é, por si só, um desafio que exige força, adaptação e coragem diárias. Por isso, é essencial que cada pessoa que convive com a doença também conheça seus direitos — que incluem o acesso à saúde, à assistência e à inclusão plena na sociedade.

As associações de pacientes têm papel essencial nesse processo, oferecendo informações, orientação e apoio na busca pela efetivação desses direitos. Entre eles, também está o direito ao trabalho digno e sem discriminação, que deve ser garantido por meio de políticas e práticas que promovam o respeito e a equidade.

A ABRAMI (Associação Brasileira de Miastenia) é uma referência confiável e pode orientar sobre os caminhos possíveis. Além disso, defensorias públicas, sindicatos e advogados especializados também oferecem suporte para garantir que seus direitos sejam respeitados.
Tratamentos para Miastenia Gravis generalizada
Cientista usando o miscroscópio

O tratamento da Miastenia Gravis generalizada (MGg) tem como principal objetivo restaurar a comunicação entre os nervos e os músculos, reduzindo os sintomas e controlando a resposta imunológica que causa a doença. A escolha do tratamento ideal deve ser feita de forma personalizada, em conjunto entre o neurologista e o paciente, levando em conta o tipo e a gravidade dos sintomas e tendo como objetivo devolver ao paciente o controle da sua vida a longo prazo.

Abordagem medicamentosa7

Farmacêutica ajudando cliente no balcão da farmácia

Os corticosteroides são considerados a primeira linha no tratamento imunossupressor, com alta eficácia na maioria dos casos. Porém, o uso prolongado pode causar efeitos adversos significativos, como ganho de peso, hipertensão, alterações na glicemia e osteoporose, sendo fundamental o acompanhamento médico regular para ajuste de dose e prevenção de complicações.

Outros imunossupressores com início de ação mais lento podem ser utilizados para reduzir gradualmente a necessidade de corticosteroides e manter o controle da doença a longo prazo.

Em casos em que haja média a alta atividade da doença, contraindicação ou não resposta/controle com o uso do tratamento convencional, opções terapêuticas de nova geração, como anticorpos monoclonais, têm sido estudadas por sua capacidade de modular a resposta imune, eliminando células específicas envolvidas na produção dos autoanticorpos que atacam a junção neuromuscular. Essas terapias inovadoras apresentam potencial para oferecer melhor controle sustentado da doença e menor dependência de corticosteroides.

A Miastenia possui diversas opções de medicamentos, mas passamos muitos anos sem avanços significativos. Ainda há uma lacuna importante no tratamento, especialmente em casos em que ainda há de média a alta atividade da doença ou em casos chamados refratários — cerca de 15% a 20% dos pacientes não respondem bem às terapias disponíveis, mesmo com combinações de fármacos. Outra limitação ocorre entre aqueles que respondem, mas sofrem com efeitos colaterais, principalmente dos corticosteroides. Por isso, os esforços atuais se concentram em desenvolver novas terapias que atendam esses dois grupos.
Depoimento do médico neurologista Marcondes França ao Podcast J&J Explica: Miastenia Gravis
O papel da inovação
Cientista trabalhando em laboratório

Nos últimos anos, novas terapias têm transformado o panorama do tratamento da Miastenia Gravis generalizada, oferecendo opções mais específicas, com início de ação mais rápido, menos efeitos colaterais e potencial de melhorar a qualidade de vida. Converse com seu médico sobre cada uma delas.

Recentemente, a aprovação de anticorpos monoclonais de nova geração6 representa um avanço importante no tratamento da doença. Esses medicamentos atuam bloqueando o receptor Fc neonatal (FcRn), promovendo a redução seletiva e sustentada dos autoanticorpos que atacam a junção neuromuscular.

Estudos clínicos randomizados demonstraram que essa classe de anticorpos monoclonais é capaz de atenuar os sintomas da doença, impactando positivamente nas atividades diárias dos pacientes. São complementares às terapias padrão utilizadas, indicados para adultos e adolescentes com anticorpos específicos relacionados à MGg. Essa inovação amplia as opções terapêuticas disponíveis, além de contribuir para a redução da dependência dos corticosteroides e oferecer um potencial de modificação da doença, atuando para desacelerar sua progressão e promover controle sustentado da doença.

Controle sustentado: estabilização dos sintomas e qualidade de vida

O controle sustentado dos sintomas da MGg requer uma abordagem multidisciplinar que combine medicações imunossupressoras, moduladoras da função neuromuscular e intervenções de suporte. A estabilização dos sintomas envolve uso contínuo de terapias ajustadas à resposta individual, monitoramento constante e manejo personalizado para evitar exacerbações.

Essa abordagem visa de forma rápida alcançar mínima expressão dos sintomas da doença, permitir atividade cotidianas com conforto e segurança manter a força muscular e prevenir crises miastênicas. A qualidade de vida é significativamente melhorada quando os sintomas estão mais estáveis, evitando déficits funcionais e promovendo o bem-estar físico e emocional.

Uso prolongado de corticosteroides: orientações e possibilidades
Pílulas de medicamentos

Muitas pessoas com MGg acabam usando corticosteroides por longos períodos — por vezes anos — o que traz riscos importantes8. Aqui vão orientações práticas para manejo desses casos.

Riscos do uso crônico:

  • Osteoporose com fraturas, perda de massa óssea.
  • Aumento de risco de infecções.
  • Ganho de peso, redistribuição de gordura, síndrome de Cushing.
  • Hiperglicemia/ diabetes tipo 2.
  • Hipertensão arterial.
  • Complicações cardiovasculares.
  • Alterações de humor, hipertrofia da pele, catarata, glaucoma, risco de úlceras pépticas.

Como minimizar os danos?

Antes de começar a tomar, ou durante o uso prolongado, é necessário: medir densidade óssea (DXA), história de fraturas, avaliar risco cardiovascular, exames de glicose, pressão, perfil lipídico, função renal, etc. Avaliação oftálmica para catarata/glaucoma. Verificar status vacinal e risco de infecção.

Medidas preventivas (sempre devem ser indicadas por médico especialista):

  • Suplementação de cálcio e vitamina D quando indicado.
  • Uso de bisfosfonatos ou outros medicamentos para proteção óssea em pacientes com risco elevado.
  • Dieta equilibrada, evitar ganho excessivo de peso. Atividade física que inclua exercícios de sustentação óssea e fortalecimento muscular.
  • Proteção gástrica se uso de altas doses ou associação com fármacos gastrolesivos.

Mudança para terapias alternativas quando indicado

Se o uso crônico estiver associado a comorbidades graves ou efeitos adversos significativos, é possível considerar a migração para terapias mais modernas com perfil de toxicidade menor. É fundamental sempre envolver o médico especialista que acompanha seu caso no manejo das complicações.

O melhor resultado que a gente pode obter no tratamento da Miastenia passa por uma boa relação entre médico e paciente. Isso porque muitas vezes a doença flutua, então você precisa ter um contato mais próximo eventualmente para tirar alguma dúvida. O nosso papel, enquanto médicos que cuidam de pacientes de Miastenia, vai muito além de passar remédios. Essa educação, essa orientação para que o paciente se conheça melhor é essencial. Por exemplo, existe uma lista de medicamentos, alguns dos quais são de uso cotidiano da gente, que para o paciente com Miastenia pode causar pioras dos sintomas.
Depoimento do médico neurologista Marcondes França ao Podcast J&J Explica: Miastenia Gravis
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Medicamentos para evitar

Viver com Miastenia Gravis exige atenção e cuidado diário. Alguns fatores podem agravar os sintomas, como o estresse emocional, infecções e até certos medicamentos. Por isso, é fundamental conversar sempre com o médico antes de iniciar qualquer tratamento, mesmo que pareça simples.

Alguns fármacos devem ser evitados7, como determinados antibióticos (aminoglicosídeos, fluorquinolonas, macrólidos), medicamentos para o coração (quinidina, procaínamida, betabloqueadores), o anti-reumático D-penicilamina, relaxantes musculares, toxina botulínica e o magnésio. Outros, como benzodiazepinas, neurolépticos, carbamazepina e lítio, exigem cautela e acompanhamento próximo.

Mesmo produtos aparentemente inofensivos, como contrastes usados em exames e adesivos de nicotina, podem interferir. O mais importante é nunca se automedicar e manter um diálogo constante com o profissional de saúde — o tratamento adequado e o cuidado contínuo fazem toda a diferença na qualidade de vida.
Qualidade de vida e bem-estar
Mulher correndo na rua com fone de ouvido

Conviver com Miastenia Gravis generalizada vai muito além do uso de medicamentos: envolve uma integração cuidadosa entre corpo, mente e uma rede de apoio sólida. A atenção às nuances da doença, combinada com hábitos de vida adaptados e acompanhamento multiprofissional, pode transformar a experiência diária, ajudando o paciente a preservar autonomia, funcionalidade e qualidade de vida.

Importância do diagnóstico precoce e adesão ao tratamento

O diagnóstico rápido é um dos passos mais críticos na jornada de quem vive com MGg. Quanto mais cedo a doença for identificada, mais eficaz pode ser o controle dos sintomas, permitindo que o tratamento estabilize a função muscular, reduza a fadiga e previna complicações graves, como crises miastênicas. A adesão rigorosa ao plano terapêutico indicado pelo neurologista é igualmente fundamental: descontinuidade, interrupções ou ajustes não supervisionados podem desencadear oscilações bruscas de força muscular, exacerbações ou crises que colocam a vida em risco.

O acompanhamento contínuo permite também ajustes personalizados de medicamentos, considerando idade, comorbidades, estilo de vida e resposta clínica. Pacientes que seguem de forma consistente o tratamento, combinando medicação e hábitos de vida saudáveis, tendem a apresentar menor dano funcional a longo prazo, preservando independência e bem-estar.

Especialidades médicas e exames recomendados

Médico fazendo o check up do paciente

Unrecognizable young man sitting in a doctor’s office

mihailomilovanovic/Getty Images

O ponto de partida para o recém-diagnosticado deve ser a neurologia, especialista responsável por confirmar o diagnóstico, indicar tratamentos e monitorar a evolução da doença. Dependendo do quadro, outros profissionais podem e devem ser envolvidos. Afinal, o cuidado com MGg pode ser mais eficaz quando envolve uma equipe multidisciplinar, cujas especialidades variam caso a caso. Alguns exemplos são:

  • Oftalmologista: especialmente se houver ptose (queda das pálpebras) ou visão dupla, comuns em MGg.
  • Fonoaudiólogo: para avaliar e reabilitar alterações na fala ou deglutição.
  • Fisioterapeuta e terapeuta ocupacional: para orientar exercícios de fortalecimento adaptados, alongamentos, técnicas respiratórias e ajustes na rotina de atividades.
  • Nutricionista: para garantir alimentação adequada sem sobrecarga dos músculos envolvidos na mastigação e deglutição.
  • Psicólogo ou psiquiatra: apoio emocional, manejo de ansiedade e depressão associadas à doença crônica.
  • Enfermeiro especializado: acompanhamento de sinais vitais, saturação, monitoramento de crises e orientação sobre segurança em atividades cotidianas.

Exames iniciais para confirmar ou monitorar MGg podem incluir4,9

Senhora recebendo atendimento em hospital

Exames de sangue: para detectar anticorpos específicos, como anticorpos anti-receptor de acetilcolina (AChR) ou anti-MuSK.

Eletromiografia (EMG) e estudo de condução nervosa: avaliam a função muscular e nervosa, identificando falhas na transmissão neuromuscular.

Tomografia ou ressonância do timo: para identificar alterações na glândula timo, que podem estar associadas à MGg.

Avaliação respiratória: espirometria e outros testes podem ser necessários se houver comprometimento respiratório, importante para prevenir crises.

ONGs, associações e centros de referência

Existem organizações e centros especializados que atuam como pilares de informação, orientação e suporte.

A ABRAMI (Associação Brasileira de Miastenia) é um exemplo, sendo o principal ponto de referência nacional para pacientes com MGg. A associação promove educação, articulação entre profissionais de saúde e pacientes, além de oferecer recursos sobre direitos, tratamentos e pesquisas.

Centros especializados em doenças neuromusculares em hospitais universitários e ONGs também oferecem diagnóstico, acompanhamento clínico especializado e, em alguns casos, acesso a terapias inovadoras. A localização pode variar conforme o estado ou região, por isso é importante verificar a unidade mais próxima à sua residência.

Conheça também a Casa Hunter (instituição destinada a pacientes com doenças raras) e a AMMI (Associação Mineira de Miastenia).

Que tal participar de um grupo de apoio?

Os grupos de apoio, presenciais ou virtuais, desempenham um papel central na vida de quem convive com MGg. Participar desses grupos permite:

  • Compartilhar experiências com quem “fala a mesma língua”: trocar histórias sobre o impacto da doença na rotina, desafios com fadiga, fraqueza muscular e tratamento, ajudando a sentir-se compreendido.
  • Receber acolhimento e reduzir o isolamento emocional: estar em contato com pessoas que enfrentam situações similares promove sensação de pertencimento, empatia e suporte afetivo.
  • Trocar dicas práticas do dia a dia: desde estratégias para conservar energia, adaptações de atividades domésticas, até o uso de acessórios que facilitam a mobilidade e a independência.
  • Participar de mobilização social e advocacy: grupos organizados podem engajar-se em campanhas de conscientização, políticas públicas e ações que garantam direitos de pessoas com doenças crônicas, reforçando o papel ativo do paciente na sociedade.

Além disso, muitos desses grupos oferecem ambientes seguros e informados, onde o compartilhamento de experiências acontece de forma respeitosa, com mediação de profissionais ou voluntários capacitados. Participar de uma rede de apoio não apenas ajuda na gestão emocional, mas também contribui para a educação sobre a doença, fornecendo informações confiáveis que fortalecem a autonomia do paciente e a qualidade do cuidado diário.
Você não precisa enfrentar a MGg sozinho. Buscar e aceitar apoio é um passo poderoso para se sentir mais seguro, confiante e conectado em sua jornada.

Podcast J&J Explica: Miastenia Gravis

Mensagem final da Johnson & Johnson

Viver com Miastenia Gravis generalizada não é simples — há desafios reais, fases incertas e adaptações constantes. Mas não é uma jornada sem caminho.

A Johnson & Johnson reconhece a complexidade desta trajetória e acredita que é difícil, mas possível conviver com MGg buscando, sempre, o controle sustentado da doença.

Informe-se. Converse. Busque apoio em associações e redes confiáveis. Esteja atento às inovações. E lembre-se: cada paciente tem uma história única, e estamos aqui para apoiar — com responsabilidade, ciência e empatia.

Referências
1. Salari, N. et al. Global prevalence of myasthenia gravis and the effectiveness of common drugs in its treatment: a systematic review and meta-analysis. J. Transl. Med. 19, 516 (2021).

2. Cunha, F. M., Scola, R. H. & Werneck, L. C. [Myasthenia gravis. Historical aspects]. Arq. Neuropsiquiatr. 57, 531–536 (1999).

3. Miastenia gravis: a importância da psicologia diante da doença. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 5, n. 3, p. 100-110, 2023. Disponível em: https://periodicorease.pro.br/rease/article/view/11452

4. http://antigo-conitec.saude.gov.br/images/Protocolos/Resumidos/20220705_PCDT_Resumido_MIastenia_Gravis_final.pdf

5. https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_401_450.html

6. https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/novos-medicamentos-e-indicacoes/imaavy-nipocalimabe-novo-registro

7. https://www.spneurologia.com/files/pdf/7_miastenia-gravis_1574163869.pdf

8. https://pharmaceutical-journal.com/article/ld/management-of-myasthenia-gravis

9. https://www.fleury.com.br/medico/artigos-cientificos/clinica-aponta-miastenia-gravis-mas-exames-tradicionais-nao-confirmam-o-diagnostico-revista-medica-ed-6-2014